BRINCADEIRAS QUE AJUDAM NA ALFABETIZAÇÃO
- Você já parou pra pensar como cada criança é única? Pois é. Aqui em casa, isso ficou ainda mais claro depois que descobrimos o autismo do meu filho. E eu sei que, se você tá lendo esse texto, provavelmente também vive essa realidade ou conhece alguém que vive. Então, senta aqui comigo, vamos conversar de mãe pra mãe, de coração aberto mesmo.
Quando falamos sobre autismo, não dá pra resumir tudo em uma explicação simples. São muitas nuances, muitas descobertas diárias, muito aprendizado. E, principalmente, muito amor envolvido. No blog Quem Cuida, gosto de trazer essa troca de experiências com outras famílias que convivem com o autismo todos os dias, mostrando que, apesar dos desafios, a gente não tá sozinha.
Entendendo o autismo com o coração aberto
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a criança interage, se comunica e percebe o mundo. Mas, mais do que qualquer termo técnico, o que a gente precisa entender é que não existe uma forma “certa” de ser autista. Cada criança é única, com suas habilidades, dificuldades e jeitinhos próprios.
E olha, uma das coisas que mais me ajudou no começo foi parar de me cobrar tanto. Eu sei que a gente quer o melhor pros nossos filhos. Queremos entender tudo, dar conta de tudo, acertar sempre. Mas no autismo, a gente aprende que tudo tem seu tempo. Cada conquista, por menor que pareça, é uma vitória gigante.
A importância de brincar: muito além da diversão
Agora, vamos falar de algo que é a cara da infância: a brincadeira. Mas, no caso das crianças autistas, brincar não é só uma forma de passar o tempo. É também uma ferramenta poderosa de aprendizado, especialmente quando o assunto é alfabetização.
Desde que comecei a alfabetizar meu filho em casa, percebi como as brincadeiras certas podem fazer toda a diferença. A linguagem, por exemplo, pode ser estimulada de forma leve, sem pressão. E é aí que entra a mágica das brincadeiras que ajudam na alfabetização em casa.
Brincadeiras que ajudam na alfabetização em casa
- Caça-palavras com imagens: Pegue imagens simples (como uma bola, um gato, um sol) e escreva os nomes com letras grandes. Depois, espalhe as letrinhas pelo chão e peça pra criança montar as palavras. É simples, mas ajuda muito na associação de som e letra.
- Cartões com sílabas: Corte pedaços de papel e escreva sílabas (ba, be, bi, bo, bu, por exemplo). Depois, monte palavras junto com a criança. Faça sons divertidos, brinque de formar palavras malucas. Isso ajuda a criar uma relação positiva com a leitura.
- Histórias com bonecos: Use os brinquedos favoritos da criança pra criar histórias curtas. Você pode narrar e, aos poucos, pedir que a criança repita algumas falas. Isso ajuda na memorização e na compreensão de palavras.
- Jogo da memória com letras: Faça pares de letras e jogue memória. Além de treinar o reconhecimento das letras, você estimula a atenção e o foco.
- Desenho com letras: Peça pra criança desenhar algo e, depois, tente escrever juntos o nome do que ela desenhou. Se for um cachorro, por exemplo, incentive: “Vamos escrever cachorro? Que letra você acha que começa?”
Essas são só algumas ideias, mas o mais importante é adaptar cada brincadeira pro ritmo e interesse da sua criança. Não existe fórmula mágica. O que funciona pra um pode não funcionar pro outro. O segredo é observar, tentar, ajustar e seguir com amor.

Como lidar com os desafios emocionais da alfabetização
Se você já tentou sentar com seu filho pra ensinar uma letra e acabou com os dois frustrados, respira. Isso é mais comum do que parece. E tá tudo bem. Ensinar em casa pode ser cansativo, especialmente quando a criança tem dificuldades sensoriais, de atenção ou de linguagem, como muitas com autismo têm.
Aqui em casa, aprendi que o emocional vem antes do conteúdo. Se meu filho tá inseguro, irritado ou cansado, nada vai entrar. Então, a gente sempre começa pela conexão. Um abraço, uma música que ele gosta, um tempo juntos antes de começar qualquer atividade.
E tem dias que simplesmente não dá. E tudo bem. Nesses dias, eu deixo pra outro momento. Porque alfabetização não é uma corrida. É uma construção. Tijolinho por tijolinho.
O papel da rotina no aprendizado
Ah, a rotina. Essa é uma das palavras que a gente mais ouve quando fala sobre autismo. E com razão. As crianças com autismo, em geral, se sentem mais seguras quando sabem o que vai acontecer. A previsibilidade ajuda a reduzir a ansiedade.
Por isso, aqui em casa, a gente tem horários pra tudo: hora de acordar, hora de brincar, hora de estudar, hora de descansar. Mas sem rigidez exagerada, viu? A ideia não é tornar a casa uma escola, e sim criar um ambiente previsível, onde a criança saiba o que esperar.
Dentro dessa rotina, incluo pequenos momentos de leitura, escrita e jogos educativos. Coisa rápida, de 15 a 20 minutos, pra não cansar. O segredo tá na constância, não na duração.
Como envolver a família nesse processo
Um dos maiores desafios que eu vejo é a falta de apoio. Muitas vezes, a mãe carrega tudo sozinha. E isso cansa, machuca, desanima. Mas a alfabetização de uma criança com autismo não precisa (e nem deve) ser responsabilidade de uma pessoa só.
Aqui no Quem Cuida, sempre falo sobre a importância da rede de apoio. Pai, avós, tios, irmãos mais velhos… todo mundo pode ajudar. Nem que seja pra brincar junto, ler uma historinha ou simplesmente dar um tempo pra mãe respirar.
E se você sente que tá sozinha, saiba que você não está. Tem muitas mães passando pelas mesmas coisas. Buscar grupos de apoio, conversar com outras famílias, dividir experiências… tudo isso fortalece.
Dicas práticas pra deixar o aprendizado mais leve
- Use o interesse da criança: Se ela ama dinossauros, use esse tema pra tudo. Letras de dinossauros, histórias de dinossauros, jogos com nomes de dinossauros.
- Crie um cantinho do aprendizado: Um lugar tranquilo, com poucos estímulos visuais, onde vocês possam sentar juntos pra aprender. Pode ser um pedacinho da sala ou do quarto.
- Misture aprendizado com movimento: Muitas crianças autistas aprendem melhor em movimento. Use letras espalhadas pela casa e peça pra criança encontrar. Ou escreva letras no chão e brinque de pular nas vogais, por exemplo.
- Tenha paciência com os tempos: Alguns dias serão incríveis, outros nem tanto. Mas tudo faz parte do processo. Celebrar as pequenas conquistas ajuda a manter a motivação.
Quando buscar ajuda profissional
Mesmo com todo amor e dedicação, às vezes a gente sente que precisa de mais. E tá tudo bem buscar ajuda. Fonoaudiólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais… todos podem contribuir pra esse processo de alfabetização.
Se você perceber que a criança tá muito resistente, ou que não consegue avançar em alguns pontos mesmo com estímulos, vale conversar com um profissional. O olhar de fora, técnico e acolhedor, pode ajudar muito.

Conclusão: você tá fazendo um ótimo trabalho
Se tem algo que eu aprendi nesse caminho com o autismo é que a gente precisa se acolher. Ser mãe atípica não é fácil. Tem dias de cansaço, de dúvidas, de medo. Mas também tem dias de amor transbordando, de vitórias lindas, de aprendizados que a gente jamais teria se não fosse por nossos filhos.
Então, se você tá aí tentando alfabetizar seu filho com autismo em casa, saiba: você tá indo muito bem. Mesmo quando sente que não. Mesmo quando parece que nada tá funcionando. O simples fato de você estar buscando, tentando, já mostra o quanto você é dedicada.
E aqui no Quem Cuida, você sempre vai encontrar um espaço pra trocar, aprender e, acima de tudo, se sentir abraçada. A gente tá junto nessa caminhada.
Se quiser, me conta nos comentários como tem sido sua experiência. Vamos seguir cuidando uns dos outros, com amor, paciência e muita troca. Porque, no fim das contas, é isso que faz a diferença.
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