Autismo: Poder do Autocuidado pra Pais e Cuidadores

Olha, eu sei que não é fácil. A gente nunca tá pronta pra receber um diagnóstico de autismo. Mesmo quando a gente desconfia, mesmo quando o coração de mãe já avisa, quando vem escrito no papel… parece que o mundo vira do avesso, né? Mas quero te contar uma coisa importante: você não tá sozinha.

Aqui no Quem Cuida, a gente caminha junto. E hoje, eu quero dividir um pouco da minha jornada com você. Uma conversa sincera, de mãe pra mãe, sem filtros. Porque, sim, cuidar de uma criança autista é intenso, é cansativo, mas também pode ser leve e cheio de significado — se a gente lembrar de cuidar da gente também.

Entendendo o Autismo: Muito Além de um Nome Difícil

Primeiro, vamos falar do básico. O autismo — ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) — não é doença. É uma condição que mexe com o jeito que a criança percebe o mundo, se comunica e se relaciona. E olha, cada criança dentro do espectro é única. Tem aquelas que falam demais, outras que quase não falam. Algumas se apegam a rotinas rígidas, outras são mais soltas. Nenhuma delas é “errada”. São só diferentes, e tudo bem.

O autismo não é sentença. É uma forma diferente de ser, de viver, de sentir. Quando a gente entende isso de verdade, o coração até respira melhor. E a gente começa a enxergar nosso filho com novos olhos — olhos mais leves, mais amorosos, mais acolhedores.

O Diagnóstico: Quando Tudo Parece Desabar

Ah, o tal do diagnóstico. Dá um medo, né? É como se alguém desligasse a luz da sala e a gente ficasse tentando achar o interruptor no escuro. Eu lembro bem do dia que ouvi do médico que meu filho era autista. Me senti perdida. Tantas dúvidas, tantos medos, e aquele aperto no peito que parecia não passar nunca.

Você já sentiu isso também? Aquela mistura de tristeza, culpa e ansiedade? A gente começa a se questionar, a se culpar, a se comparar. Mas deixa eu te dizer: você não causou isso. Ninguém causa. E não tem culpado. O que existe agora é uma jornada nova pela frente. E mesmo sendo desafiadora, ela pode ser muito bonita também.

A Maratona da Cura: O Que Pouca Gente Fala

Cuidar de uma criança com autismo é tipo correr uma maratona… mas sem linha de chegada. É um corre constante. E a gente vai vivendo no automático, só tentando sobreviver. Acorda cansada, dorme exausta. Terapia, escola, crises, médicos, remédios… e, no meio disso tudo, cadê a gente?

O que pouca gente fala — e que eu aprendi na marra — é que, se a gente não se cuida, a gente pifa. E quando a gente pifa, ninguém segura a casa. Por isso eu te digo com todo carinho do mundo: se cuida. De verdade. Porque autocuidado não é frescura. É o que mantém a gente de pé.

Como o Autocuidado Mantém a Gente Firme na Caminhada

Durante muito tempo, eu achava que me cuidar era egoísmo. Como é que eu ia pensar em mim com tanta coisa acontecendo ao redor? Mas aí meu corpo gritou. E minha cabeça também. Crises de ansiedade, dores, cansaço que não passava nunca… Foi quando caiu a ficha: eu não tava sendo forte, tava me anulando. E isso não é justo com ninguém, nem comigo, nem com meu filho.

O autocuidado começa no simples. Naquele café tomado com calma. No banho mais demorado. Naquele tempo que a gente tira pra respirar, pra chorar escondida no banheiro, pra conversar com uma amiga. É encontrar jeitos de não se perder da própria essência.

O Que Dá Pra Fazer, Mesmo na Correria:

  • Tenta dormir um pouco mais, nem que seja uma sonequinha rápida enquanto seu filho assiste algo tranquilo.
  • Conversa com outras mães que vivem isso. Só quem passa sabe como é.
  • Se puder, faz terapia. A saúde mental da gente é tudo.
  • Escreve num caderninho as pequenas alegrias do dia. Isso muda o olhar.

Rede de Apoio: Você Não Precisa Fazer Tudo Sozinha

Sabe aquele ditado que diz que é preciso uma aldeia pra criar uma criança? Pois é. Com uma criança atípica, isso é ainda mais verdade. Mas, na real, muita gente não tem essa aldeia. Às vezes nem a família entende, os amigos somem… e a gente se sente meio ilha, né?

Mas olha, tem como construir sua rede. Seja com outras mães, com profissionais legais, com grupos online, com quem estiver disposto a somar. Aqui no Quem Cuida, eu encontrei mulheres maravilhosas. Mães como eu e você, que dividem o que têm, que acolhem sem julgamento. E isso muda tudo.

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Como Fortalecer Sua Rede:

  • Fala com sua família. Explica o que você precisa, com clareza. Às vezes eles só não sabem como ajudar.
  • Entra em grupos de apoio. Tem muitos no WhatsApp, Facebook, Instagram.
  • Veja se a prefeitura ou o posto de saúde da sua região tem psicólogo ou grupos de apoio.

Escola, Inclusão e o Papel da Família

A hora da escola costuma ser um dos maiores apertos no peito. Será que vão entender meu filho? Será que ele vai ser respeitado? Vai fazer amigos? Vai sofrer bullying? A gente sente um frio na barriga danado.

Mas é importante saber: seu filho tem direito à inclusão. Tá na lei. A escola tem obrigação de acolher, adaptar e respeitar. Mas, na prática, a gente sabe que nem sempre é assim. Por isso, a presença da família é fundamental. Participar da rotina escolar, conversar com os professores, mostrar o quanto seu filho pode e deve ser incluído faz toda a diferença.

Como Ajudar na Inclusão:

  • Crie uma rotina pra ele se adaptar melhor à escola.
  • Esteja próxima da equipe pedagógica. Faça reuniões, mande bilhetes, participe.
  • Compartilhe com a escola informações sobre o que ajuda seu filho no dia a dia.

Cuidar de Quem Cuida: Os Pais Também Precisam de Espaço

Nem sempre o pai reage bem ao diagnóstico. Tem pai que se afasta, que nega, que finge que tá tudo normal. Outros mergulham no trabalho e somem emocionalmente. E a gente acaba carregando tudo sozinha, né?

Mas é importante abrir espaço pra esse pai também. Chamar pra conversa, dividir as responsabilidades, mostrar que ele é parte disso tudo. Quando o pai se envolve, o peso divide, o vínculo cresce e a criança sente esse suporte.

E pros pais que me leem: sua presença é fundamental. Não precisa ser perfeito, só precisa estar junto. Caminhar lado a lado faz toda a diferença.

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Irmãos de Crianças com Autismo: Eles Também Precisam de Atenção

Quem tem mais de um filho sabe como é complicado equilibrar tudo. Às vezes, o irmão típico acaba ficando de lado sem querer. E isso gera ciúme, tristeza, confusão. É importante ouvir, acolher e envolver esses irmãos no processo.

Converse com eles. Explique o que é o autismo, de forma simples. Dê momentos exclusivos pra eles. E mostre que, mesmo com todas as diferenças, o amor de vocês é igual. A casa fica mais leve quando todos se sentem vistos.

Alimentação, Sono e Rotina: Três Pilares Que Ajudam Muito

Muita criança autista tem dificuldade pra dormir, pra comer ou se adapta mal a mudanças. Por isso, rotina é ouro. Não precisa ser rígida, mas previsível. Isso dá segurança pra eles e ajuda nas crises.

Se a criança é muito seletiva com comida, vai com calma. Oferece sempre, mas sem forçar. Procure fazer das refeições um momento leve. E se o sono for um problema, cria um ritual: banho, história, musiquinha calma. A constância ajuda muito.

Terapias e Tratamentos: O Que Realmente Importa

A gente ouve falar de tantas terapias… ABA, fono, TO, musicoterapia, equoterapia… e muitas vezes, não temos acesso a quase nada. É caro, demorado, distante. E isso frustra demais.

Mas respira. Faça o que for possível. Não se compare. Uma casa cheia de amor, paciência e presença já é um terreno fértil pro desenvolvimento. Às vezes, o melhor terapeuta é aquele olhar de mãe que conhece cada sinal do filho.

Compreensão em Primeiro Lugar: Seu Filho Não é um Problema

Você não precisa consertar seu filho. Ele não tá quebrado. Ele é do jeitinho dele, com suas particularidades, com seus brilhos e desafios. A maior cura não tá nos consultórios, mas na forma como a gente enxerga essas crianças.

Quando a gente muda o olhar, tudo ao redor muda também. A gente para de esperar que ele seja igual aos outros e começa a celebrar quem ele é. Isso é libertador. E é também onde mora a paz.

Pra Finalizar: Você Tá Dando Conta, Mesmo Quando Acha Que Não

Se ninguém te falou hoje, deixa eu te falar: você é uma mãe incrível. Mesmo cansada, mesmo chorando escondido, mesmo cheia de dúvidas. Você tá aí, firme, fazendo o melhor que pode. E isso vale muito.

Não se esquece de você. Não se abandona. Cuida de você com o mesmo carinho que cuida do seu filho. Aqui no Quem Cuida, a gente acredita nisso: quem cuida também precisa ser cuidado.

Tamo juntas. E vamos seguir assim, de mãos dadas, nessa jornada tão desafiadora, mas também tão cheia de amor.

Se esse texto falou com você, compartilha com outra mãe que também precisa desse abraço em forma de palavra. Vamos espalhar apoio e esperança. Uma mãe fortalecendo a outra — é assim que a gente vai longe.

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Desenvolvi minha carreira acadêmica voltada à pedagogia e às necessidades educacionais especiais. Ao longo dos anos, busquei formações complementares para aprimorar meu trabalho com crianças autistas. Minhas principais formações e especializações incluem: Pedagogia: Sou formada em Pedagogia, o que me forneceu base sólida em desenvolvimento infantil e práticas educacionais. Psicomotricidade: Possuo capacitação em Psicomotricidade, área que integra aspectos psíquicos e motores do desenvolvimento – conhecimento fundamental para trabalhar habilidades motoras e sensoriais de crianças com TEA. Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Tenho experiência em ABA, abordagem terapêutica amplamente utilizada no autismo para promover desenvolvimento em comunicação, comportamento e autonomia. Essa especialização me qualifica como Analista do Comportamento, permitindo aplicar técnicas eficazes no aprendizado de alunos autistas. Alfabetização no T EA: Especializei-me em estratégias de alfabetização para crianças no espectro autista, desenvolvendo métodos adaptados que respeitam o tempo e as particularidades de cada aprendiz. Essa capacitação em alfabetização inclusiva complementa minha prática pedagógica e reforça meu compromisso em tornar a aprendizagem acessível a todos.

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