Massinha e Desenvolvimento

Autismo: como a massinha e outras atividades simples ajudam no desenvolvimento das nossas crianças

Oi! Seja bem-vinda ao Quem Cuida. Hoje eu quero bater um papo bem sincero com você, que assim como eu, é mãe de uma criança atípica. Talvez você esteja numa fase de descobertas, talvez já tenha uma boa caminhada com o autismo, mas seja qual for o seu momento, esse espaço é nosso. Quero que você se sinta abraçada aqui.

Quero conversar contigo sobre o autismo, mas de um jeito leve, real e cheio de significado. E vou te contar uma coisa: tem muita coisa que a gente pode fazer dentro de casa, com coisas simples mesmo, que ajudam (e muito) no desenvolvimento dos nossos filhos. E uma dessas coisas é a boa e velha massinha. Sim, isso mesmo! Aquela massinha colorida que às vezes a gente compra sem nem imaginar o quanto ela pode ser poderosa.

Mas calma, não é só sobre massinha que vamos falar hoje. Vou abrir meu coração e dividir com você tudo o que venho aprendendo como mãe, pedagoga e apaixonada por educação inclusiva. Bora mergulhar nesse universo?

Entendendo o autismo sem complicar

O Transtorno do Espectro Autista (ou TEA, como muita gente chama) não é uma doença, não tem cura e, olha, nem precisa ter. O que a gente precisa é de compreensão, respeito e ferramentas certas pra ajudar nossas crianças a se desenvolverem do jeitinho delas.

Cada criança com autismo é diferente. Algumas falam bastante, outras falam pouquinho ou nada. Algumas gostam de contato, outras não suportam muito barulho. Tem quem ame organização, tem quem seja pura espontaneidade. E tudo bem. O importante é a gente aprender a observar e entender como o nosso filho ou filha funciona.

Por isso, atividades simples do dia a dia, feitas com carinho, podem fazer uma diferença gigantesca. E é aí que entra nossa estrela de hoje: a massinha.

O que a criança aprende brincando com massinha?

A primeira vez que vi meu filho brincando com massinha, confesso que não dei muita bola. Achei que era só uma distraçãozinha, sabe? Mas depois, estudando, observando e acompanhando, percebi o quanto aquilo era valioso.

Quando a criança brinca com massinha, ela tá:

  • Fortalecendo a coordenação motora fina (aquela dos dedinhos que ajuda a escrever, cortar, abotoar)
  • Aprendendo a focar, a manter a atenção em algo
  • Explorando criatividade, cores, formas e possibilidades
  • Se acalmando, se organizando internamente
  • Entrando num mundinho onde ela tem controle, o que é super importante pra crianças que sentem o mundo de forma mais intensa

Pra crianças com autismo, que muitas vezes têm dificuldade com sensações, texturas e barulhos, a massinha funciona como um caminho gentil pra elas entenderem melhor o corpo, os limites e o ambiente ao redor. Tudo isso de um jeitinho lúdico, leve e gostoso.

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Dicas pra usar a massinha no dia a dia com seu filho

Quero te dar algumas ideias bem simples e fáceis pra você usar a massinha de um jeito mais intencional aí na sua casa. Nada de coisas mirabolantes, viu? É tudo bem prático mesmo:

Crie histórias juntos Pega a massinha, faz um bonequinho, um animal, uma frutinha… E inventa uma história. Deixa a criança participar, dar ideias. Você vai ver que além de estimular a linguagem, isso cria um momento de conexão lindo entre vocês.

Use comandos simples Pede pra fazer uma bolinha azul, uma cobrinha comprida, um quadrado verde. Isso ajuda a trabalhar as cores, os formatos, as noções de tamanho e também a escuta da criança. Aos pouquinhos ela vai entendendo e respondendo.

Brinque junto Senta do lado, modela com ela. Não é só sobre ensinar, é sobre estar junto. Esse momento de brincadeira cria vínculos, aumenta a confiança e mostra pra criança que ela não está sozinha no mundo.

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Prepare pra outras atividades Sabia que brincar com massinha pode ser um “esquenta” pra escrita? Isso porque a massinha ativa a musculatura das mãos, melhora a preensão do lápis e ajuda na coordenação. Então antes de escrever ou desenhar, brincar um pouquinho com ela é uma boa pedida.

Outras atividades sensoriais que ajudam (e muito!)

No universo do autismo, as atividades sensoriais são tipo uma chave de ouro. Elas ajudam a criança a se organizar por dentro, sabe? Dão mais foco, reduzem aquelas crises mais intensas e trazem uma sensação de bem-estar.

Vou te dar algumas ideias que você pode usar aí na sua casa:

Caixa sensorial Pega uma caixa plástica, coloca arroz, feijão, grãos, tampinhas… deixa a criança mexer, explorar. É uma experiência super rica pra ela se conectar com diferentes texturas.

Pintura com os dedos Pode ser com tinta guache, gelatina colorida, purê de batata tingido com corante natural… o que importa é ela sentir a textura, espalhar, criar.

Banho com espuma colorida Na hora do banho, você pode usar sabonete líquido com um tiquinho de corante alimentício e fazer uma “espuma mágica”. A criança vai amar!

Massinha caseira Se quiser, você mesma pode fazer a massinha em casa. Farinha, óleo, água, sal e corante natural já fazem milagres. E ainda é seguro pra criança pequena.

Brincar também ensina a se comunicar

Se tem uma coisa que aprendi nesses anos é que brincar é uma linguagem. E é através dela que muitas crianças autistas começam a se abrir, a se expressar, a se conectar.

Durante a brincadeira com a massinha, você pode:

  • Nomear o que está fazendo: “olha, uma bola vermelha!”
  • Fazer perguntas simples: “o que você vai fazer agora?”
  • Esperar a criança responder no tempo dela
  • Imitar o que ela faz, mostrando interesse

Essas pequenas interações criam pontes. Aos poucos, você vai notando uma resposta, um olhar, um sorriso. Cada sinal é um passo gigante.

Como montar uma rotina com atividades práticas

Rotina não é rigidez. É organização. Criança autista se sente muito mais segura quando sabe o que vai acontecer, quando tudo tem um começo, meio e fim.

Aqui em casa, a rotina é simples, mas bem pensada:

Manhã:

  • Acordar
  • Escovar os dentes
  • Tomar café
  • Brincar com massinha (uns 15 minutinhos já têm efeito)
  • Pintura ou desenho

Tarde:

  • Assistir a um desenho tranquilo
  • Caixa sensorial
  • Hora da história
  • Brincadeira livre

O segredo é alternar entre atividades que estimulam e outras que acalmam. Assim a criança vai criando um ritmo interno mais equilibrado.

O papel da família nesse processo

Não tem receita mágica, viu? Mas uma coisa é certa: nenhuma terapia substitui o amor, a paciência e o olhar da família. O jeito que você acolhe, que incentiva, que vibra com cada conquista… tudo isso tem um peso enorme no desenvolvimento do seu filho.

Eu sei que tem dias que a gente se sente no limite. Cansaço, medo, dúvidas… tudo misturado. Mas também sei da nossa força. Daquela garra que só quem cuida entende. E é por isso que esse blog chama Quem Cuida. Porque cuidar é um ato de coragem e de amor profundo.

Quando buscar ajuda profissional

Mesmo a gente fazendo tudo com carinho, tem momentos que é importante contar com profissionais especializados:

  • Se a criança não responde ao nome
  • Se apresenta muitas crises e dificuldades com mudanças
  • Se tem dificuldades com fala ou regredi habilidades
  • Se não tolera barulhos, luzes, cheiros ou texturas

Nesses casos, buscar um neuropediatra, terapeuta ocupacional, psicólogo ou fono é essencial. Não é sinal de fraqueza, é sinal de amor. Amor que cuida, que busca caminhos.

Dicas práticas pro dia a dia

  • Use frases simples, diretas
  • Aposte em imagens e plaquinhas de rotina
  • Dê um passo de cada vez e celebre cada conquista
  • Incentive a criança a fazer pequenas tarefas sozinha
  • Crie momentos de previsibilidade
  • Respeite o tempo dela. Cada um tem seu ritmo.

Conclusão: a jornada é desafiadora, mas cheia de beleza

O autismo não é o fim do mundo. Na verdade, ele é o início de um outro mundo. Um mundo diferente, mas cheio de possibilidades. Um mundo que ensina pra gente a valorizar o agora, a enxergar detalhes que antes passavam batido.

Brincar com massinha, fazer uma história, sentir uma textura… são coisas simples, mas que têm um poder transformador enorme.

Continue caminhando, buscando, perguntando. E, principalmente, continue cuidando. Porque quem cuida transforma.

Com carinho e muita empatia,

De mãe pra mãe.

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Desenvolvi minha carreira acadêmica voltada à pedagogia e às necessidades educacionais especiais. Ao longo dos anos, busquei formações complementares para aprimorar meu trabalho com crianças autistas. Minhas principais formações e especializações incluem: Pedagogia: Sou formada em Pedagogia, o que me forneceu base sólida em desenvolvimento infantil e práticas educacionais. Psicomotricidade: Possuo capacitação em Psicomotricidade, área que integra aspectos psíquicos e motores do desenvolvimento – conhecimento fundamental para trabalhar habilidades motoras e sensoriais de crianças com TEA. Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Tenho experiência em ABA, abordagem terapêutica amplamente utilizada no autismo para promover desenvolvimento em comunicação, comportamento e autonomia. Essa especialização me qualifica como Analista do Comportamento, permitindo aplicar técnicas eficazes no aprendizado de alunos autistas. Alfabetização no T EA: Especializei-me em estratégias de alfabetização para crianças no espectro autista, desenvolvendo métodos adaptados que respeitam o tempo e as particularidades de cada aprendiz. Essa capacitação em alfabetização inclusiva complementa minha prática pedagógica e reforça meu compromisso em tornar a aprendizagem acessível a todos.

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